Mães
O que aprendi com os fatos
Bom dia a todos! Bom dia na paz tão necessária ultimamente!
Quinta retrasada, como em toda casa com crianças pequenas, as coisas estiveram intensas em casa. Quase todo dia é assim. Uma maratona. De manhã, depois de acordar com Beatriz às 4:30 da manhã, distribuir todas as mamadeiras e o café da manhã pra viagem do marido e de tomar meu cafezinho da manhã, dia de matemática com Benjamin, no mercado e em casa, e depois uma atividade artística. Dia de estimular Bia com brinquedos junto com meu melhor assistente, Benjamin, e dia também de culto doméstico, como todos os dias.Ufa! Já são quase onze da manhã! Depois de todo mundo cheiroso e bonito para esperar papai chegar mais tarde, a mamãe aqui vai pra cozinha fazer o almoço da pequena tropa. Eu tranquila na cozinha ouvindo um áudio do programa do Dr James Dobson…Bia tirando seu cochilo e Benjamin testando a resistência do sofá da sala em sua última ocupação descoberta: Ele é um bombeiro e ``consertador''de todas as coisas com todas as ferramentas do mundo.
Não sei como é com vocês, mas eu às vezes pareço habitar outro planeta! Meu dia é tão atarefado que quando não estou no trabalho ou resolvendo algo, parece que o mundo lá fora é outro lugar. Creio que isso ocorre a outras mamães, esposas, donas de casa e todas as outras coisas que um lar exige. Não estou reclamando! Já passei desse capitulo da vida e quando ele quer voltar…eu tento resistir com toda intensidade! Então, de repente, meu marido liga me dando instruções pra não sair de casa de forma alguma (ele sabe que eu gosto de resolver tudo a pé). Eu, alheia a tudo, pergunto porque tanto espanto e agonia. Ele me responde:
- Liga a TV ou entra num site de noticias e vê o que está acontecendo em Recife. Você ainda não viu?
Eu explico que estou atrasada com o almoço, como sempre. Quem é mãe de crianças pequenas entende do que eu falo- aquela coisa de parar a cada segundo pra ver um desenho feito em crayon, pra consolar, etc. E olhe que eu tenho ajuda em casa da minha fiel escudeira em tarefas domesticas! Eu admiro e muito quem não tem ajuda externa e consegue dar conta!
Mas voltando ao tema, Recife estava em pé de guerra urbana. Para as leitoras que não moram aqui e como eu não têm uma hora pra sentar e ver notícias, a policia militar de Pernambuco estava em greve e, em toda a região metropolitana, se instalou um caos de assaltos, arrastões e uma série de coisas semelhantes. A cidade fechou suas portas e parou. O pior de tudo é que as cenas de violência não foram protagonizadas por gente que transita no que chamamos de criminalidade. Quando chegou em casa, meu marido me mostrou fotos de idosos saqueando supermercados e lojas de eletrodomésticos, famílias inteiras, adolescentes, criancas fazendo o mesmo, etc.
Eu sei que já passou! Eu sempre escrevo com atraso! Mas é o tempo que tenho! Muita gente já analisou o que aconteceu e deu seu parecer, julgamento e opinião. Em muitos casos, muito sábio e oportuno. Eu, quando vi tudo aquilo, quis olhar para dentro de casa. Estou cansada de analises políticas por esses dias, não me levem a mal! Eu tenho essas fases! E às vezes acho que o perigo do erro começa quando olhamos demais para o que ocorre fora e esquecemos de aprender com o que vemos.
Duas coisas chamaram minha atenção. Em primeiro lugar, o senso de que quando falta a vigilância a transgressão deixa de ser transgressão. Em segundo lugar, fiquei observando em alguns depoimentos de saqueadores como a turba, a multidão, tem o poder de afetar o comportamento do indivíduo. Duas formas de pensar que acho perigosas.
Este é um blog sobre maternidade. O que isso tem a ver com a proposta do blog? Muita coisa, penso eu do lado de cá. O meu primeiro pensamento se voltou para os meus filhos e baixinho no meu canto eu fiz minha oração:
-Senhor me ajude a ser sua parceira no projeto de criar filhos que te temem quando ninguém os vigia. Que entendam um dos primeiros versículos que minha mãe me ensinou quando eu era muito pequena- ``Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons'' (Pv 15.3) . -Que antes de temer a mim, a policia, a prisão, ou quem quer que seja aqui na terra, eles entendam que Tu os contemplas! Que eles se importem, primeiro, em não te desagradar ou ter de ti um olhar de reprovação ou tristeza, que pensem que suas ações têm conseqüências nos céus e na terra! Que eles tenham a fé de Daniel e seus amigos e que não sigam a multidão, que não achem que quando todo mundo faz, isso torna as coisas certas.
Comecei a pensar como é engraçado como esta lógica de que se ninguém vigia e se todos fazem a transgressão deixa de ser transgressão está presente no dia-a-dia. Se você é mãe já deve ter ouvido de seus filhos, mesmo se são ainda pequenos: ``mas fulano faz, mas a mãe de sicrano deixa…''. Esta é a lógica! A multidão torna o errado certo! Outra idéia que como cristã eu considero perniciosa é a lógica de que a falta de quem vigie torna tudo aceitável. Quero criar meus filhos com a consciência de que há Alguém que os vê!
Lembro que quando eu fazia sexta série, que hoje seria o sétimo ano do ensino fundamental, eu tinha uma amiga terrível! Eu estudava numa escola cristã. Meu pai sempre se encarregava de estender para a escola seu olhar vigilante, mas ele nunca soube dessa amizade. No entanto, aquela minha amiga era totalmente o contrário do que meus pais recomendariam. Fugia da escola para paquerar, fugia de casa para escrever nos muros à noite. Era o contrario do que eu era, mas éramos amigas, bem próximas. Eu era a ouvinte que ela gostava de ter para seus dilemas.Um dia ela me questionou porque eu não mudava o meu jeito careta de ser. Se meus pais me obrigavam, eles não estavam ali. No conceito dela eu estava perdendo minha vida. Eu pensei em tudo aquilo por um instante e em meu coração achei a resposta:Eu não era do meu jeito por meus pais. Era por Deus! Eu O amava! Não queria decepciona-lo! Também não queria decepcionar meus pais, mas o versículo que minha mãe repetiu pra mim em toda infância me deu um senso de que ali estava Deus. Pensei em cada momento de oração em que no quarto dos meus pais, orando com minha mãe, eu sentia que Deus estava ali tão vivo, me entendendo também! Eu não podia mudar! Depois de lembrar disso, mesmo tentada, disse a minha amiga que eu não podia ser como ela, nem queria. Se queria ser minha amiga, eu continuaria a ser da minha forma, mesmo sem o olhar vigilante de meus pais.
É engraçado como é fácil pra nós cairmos numa ilusão. Acharmos que aqueles lá fora pensam assim, quando muitas vezes, em coisas que talvez consideramos menores, usamos da mesma lógica. Isso torna a minha tarefa como mãe tao grande para os meus pequenos ombros que eu chego quase a temer e tremer. Muitas vezes tenho medo que ao olhar o que ocorre lá fora e apontar o dedo em riste, o mal (sim eu creio que ele existe!!!) se instale aqui, no meu coração, no coração de meus filhos, repetindo a mesma lógica em menores proporções, mas reproduzindo a mesma forma de pensar e agir. Nessas horas eu lembro da minha mãe, que foi mãe bem mais jovem e inexperiente que eu, mas que tinha esse senso tao lindo de se preocupar não apenas com o estrago das ações que praticávamos, mas também e principalmente com o que se passava em nossos corações. Pelo menos comigo, era assim. Cometeu erros, obviamente, mas me ensinou um lindo caminho da maternidade que eu espero trilhar!
Nestas horas, quando penso em tudo isto, pra mim faz sentido gastar o máximo do meu tempo com meus filhos. Inclusive, estando com eles quando meu amado marido não pode estar. São tantas nuances, tantas coisas pequenas mas vitais pra ensinar que o tempo se torna pouco. Isso faz tanto sentido pra mim! É real e transparente como um cristal na luz do dia! Tem dias que eu tomo nota de coisas que penso no dia-a-dia que preciso ensinar aos meus filhos, só pra não esquecer…ao mesmo tempo eu sei que sozinha não posso, além do meu marido que é vital no processo todo, eu preciso da ajuda de Deus. Preciso que ele execute a obra de mudar o coração de pedra que todos nós de algum jeito carecemos que Ele modifique. Preciso que Ele mude a mim, para ser exemplo, e a meus filhos também.
Quando alguém fala pra mim que só precisa de um pouco de tempo de qualidade com os filhos, é nessa hora que eu digo a mim mesma que não dá! Eu preciso de quantidade com qualidade. Não espero ser entendida. Talvez eu não tenha a competência de outros, mas é assim pra mim. Sobre o episódio dos saques na minha cidade, em caso da lógica dos saqueadores se repetir em minha casa, quero ter a hombridade de uma mãe que pegou seu filho adolescente pelo braco e o fez devolver o eletrônico roubado, antes que a policia ameaçasse os saqueadores com abertura de processos. Contaram-me que aquela mãe disse em tom firme ao repórter, junto de um filho constrangido:
-Eu disse ao meu filho que não queria aquilo. Em nossa família conquistamos as coisas com suor e trabalho, não pegando as coisas alheias!
É por essa e outras razões que, sim, me ocupo de outras coisas, isso é salutar e importante, mas sempre que possível A mamãe está em casa! Muito pra ensinar e aprender…e a infância deles me parece tao curta! Eu preciso estar com eles nutrindo seus corações, mentes e corpos. Preciso estar com Deus para receber dEle diariamente o alimento para meu coração. É assim que me sinto e você?
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